Pare de Sofrer!
Por que o pastor sofre? Para responder essa pergunta preciso estabelecer alguns pressupostos:
O Pastor é um ser humano como todos os outros! O pastor como ser humano, sofre! Se ele sofre, precisa de cuidado!
O pastor sofre por causa de equívocos alimentados pelos próprios pastores ou por suas igrejas:
Equívoco do homem perfeito. O pastor é um ser humano que não pode revelar quem realmente é. Esse conceito errôneo nasce dentro do próprio pastor e alimentado pela igreja, ambos acreditam plenamente que, como “ungido do Senhor”, ele não peca. Essa percepção errada constrói um distanciamento entre o pastor e a igreja, pois muitos membros não sabem o que se passa no coração daquele pastor, gerando uma crise de imagem no pastor. Seus medos, suas falhas, seus pecados não poder ser descobertos. Portanto, um falso conceito de perfeição pastoral da igreja leva a uma representação de um papel por parte do pastor. Isso adoece qualquer pessoa: representar o que não é na realidade, que os gregos chamavam de “hipócrita” (ator). O pastor é um ser normal, sujeito a adversidades, angústias e falhas como todos os outros seres normais.
Minha sugestão para o pastor não sofrer com o equívoco do homem perfeito é: fuja do isolacionismo. Tenha um amigo pastor a quem você possa desenvolver uma amizade de confissão, cuidado e oração um pelo outro. E também desenvolva em sua igreja a amizade com as suas ovelhas.
Equívoco do homem completo. Nasce quando a igreja e o pastor acreditam que ele é hábil para todas as áreas da igreja. Como um representante de Deus ele é capacitado para tocar, cantar, aconselhar, pregar, gerenciar e cuidar da igreja com maestria. No tempo em que vivemos, onde as igrejas têm pensado como empresas e o crescimento numérico é o mais importante, o pastor tornou-se o responsável por esse crescimento. Se uma igreja não cresce numericamente, revela a inabilidade de seu gestor. Se os membros da igreja estão vivendo uma vida em pecado, revela a inabilidade dele como mestre ou profeta. Se os membros da igreja estão sofrendo, revela a sua inabilidade como conselheiro e pastor do rebanho. Ver suas ovelhas indo para outro “aprisco”, por que lá o “púlpito alimenta”, ou chegar no fim do ano sem batizar ninguém, coloca o pastor no eterno sentimento de inadequação ao ministério, duvidando do seu chamado. Mas acredito que o equívoco maior é comparar-se com outros ministérios pastorais de sucesso, tornando o sentimento de incapacidade ainda maior, por trabalhar para construir um ministério que talvez ele nunca terá.
Minha sugestão para o pastor não sofrer com o equívoco do homem completo é: descentralize sua gestão. Descubra quais são as suas habilidades e dons, e depois delegue as tarefas que os membros da sua igreja teriam capacidade e prazer de fazer em seu lugar. Lembre-se: “juntos fazemos mais e melhor!”
Equívoco do homem forte. Na angústia de fazer a “igreja crescer”, o pastor enverada pelo caminho do trabalho excessivo, com muita programação e eventos para mostrar serviço. Isso leva ao esgotamento, que pode ser físico, mental ou espiritual. Sua agenda contempla a igreja e suas demandas e esquece de si e de sua família. Pastores Workaholics (trabalhadores compulsivos) são cada vez mais comuns, levando a uma síndrome chamada Burnout (esgotamento). Não conseguem respeitar seus limites, dormem pouco, comem muito e mal, e sofrem com a dificuldade de delegar funções.
Minha sugestão para não sofrer o equívoco do homem forte é: descanse em Deus. Descubra junto com a sua igreja qual o propósito de Deus para vocês e faça somente aquilo que Deus os mandou fazer, buscando a simplicidade do evangelho e dependência do seu Espírito Santo.
Tenho certeza de que essas sugestões farão com que você não seja uma ovelha sem pastor, tendo o cuidado de outro colega, o amor e o apoio da sua igreja como família de Deus.
Jacques Kleiman | coordenador do Programa de pastoreio mútuo da OPBP-Pioneira, membro da equipe de mentoria pastoral da OPBB e pastor da PIB pioneira em Blumenau.